Três Cantos

23/10/2009

Após o concerto de ontem 22-10-2009 houve este comentário ao artigo do Blitz:

"É difícil arranjar palavras para descrever o que se sente quando se olha em frente e a poucos metros vemos 3 dos melhores músicos portugueses de sempre.
Os mitos que compuseram obras como "Por Este Rio Acima", "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades", "Pano Cru", "Os Sobreviventes", "Crónicas da Terra Ardente", "Ser Solidário", e tantas outras, afinal são de carne e osso! Vestem-se como nós e falam como nós.

Mas quando cantam para nós, o lugar do "mito" é de novo ocupado. Todos eles estão mais velhos do que na altura em que gravaram alguns dos seus melhores registos. Mas a profundeza continua lá. E o modo como tratam as Palavras também. Todos de forma diferente, todos de forma genial.
José Mário Branco continua a debitar cada Palavra como se fosse a última que lhe irá sair em vida. Aliás, como se aquela Palavra fosse a última que fosse dita no mundo! Mas no intervalo das Palavras, brinca. E move-se. E mexe os braços e o corpo e gesticula, vivendo todo o momento como e fosse o último!

Fausto, por seu turno, trata cada Palavra como se fosse de cristal: canta-a com uma suavidade e com uma leveza na voz como se aquela Palavra precisasse de carinho e de uma voz ternurenta. De forma tímida e por vezes incomodada por ver tamanho respeito por si e pelas suas Palavras.

Já Sérgio Godinho leva a Palavra a passear. E brinca com ela. Molda-a. Muda-a. Constrói-a e desconstrói-a. E olha para o lado esquerdo e direito comovido por ter ali aqueles dois homens do seu lado.

Num espectáculo que passou por "O Primeiro Dia", "Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades", "Como um Sonho Acordado", "Ser Solidário", "Se Tu Fores Ver o Mar (Rosalinda)" ou "O Charlatão", a noite foi de homenagem.
Ora sozinhos, ora em duetos, ora ainda os três juntos, maravilharam uma audiência que ia desde ministros a músicos, de actores a produtores e do cidadão...comum! Que afinal somos todos nós que aplaudimos de pé cada ameaça de final de concerto. Que aplaudíamos com a maior força cada final de canção.

Melhor concerto do ano? Não sei. Nem me interessa. Quem quiser que entre em competições desse tipo, que este concerto não entra nessas contas. Porque isto não foi um "concerto", foi uma "OPORTUNIDADE" única de poder ver três dos músicos mais talentosos de sempre, que mais admiro e que me habituei a ouvir "ao longe" (em disco) a cantarem em conjunto escassos metros à minha frente.

E a emoção que vivi lá dentro é inexplicável e não tenho o talento que eles têm para pôr no papel aquilo que lhes vai na alma. Guardo para mim esses momentos, tentando partilhar aquilo que consigo.

Obrigado José Mário, Sérgio e Fausto!!"



Hoje estou lá eu, para ter a "OPORTUNIDADE" de ver/ouvir estes artistas e homens da história de Portugal recente...